Como superar bloqueios emocionais?

Como superar bloqueios emocionais?

Sentir medo é uma defesa natural do ser humano. Porém, quando causa muito sofrimento, desconforto e interfere em situações cotidianas, como fazer amigos, apresentar um trabalho, dirigir, viajar, paquerar, ir no banheiro, iniciar uma conversa, não conseguir chorar, não conseguir ter um compromisso serio com alguém, ou fazer algo novo é necessário buscar ajuda especializada para superar.

Normalmente as crises são inesperadas e nos momentos mais inoportunos. O que causa sentimento de vergonha, humilhação, impotência. Com o passar do tempo a pessoa pode desenvolver um pânico da crise ou medo de vivenciar novamente, evitando lugares e situações que gerem as crises. Só que com o passar do tempo, desenvolvem-se outros episódios de bloqueios.

Por isso é comum uma pessoa chegar ao consultório com muitos prejuízos causados físicos, emocionais, sociais por causa disso. Com o tempo vira a bola de neve que vai aumentando e aumentando. Lembro uma vez que tive um paciente a domicilio que recusava-se a sair de casa, passava a maior parte do tempo em seu quarto. Sua mãe, preocupada, agendou uma consulta e trata-se de um adolescente introspectivo, com muitos bloqueios emocionais, sociais.

A porta trancada

Lembro desse adolescente citado acima gritando dizendo que não ia fazer terapia e nem sair do quarto. Como psicóloga humanista, junguiana e ouvindo minha intuição, disse para a mãe dele não se preocupar. Eu iria propor conversar com ele através da porta. Ele tinha medo da realidade fora da porta e eu respeitei isso. Era uma primeira sessão.

Essa porta entre eu e ele, entre ele e sua realidade externa representa os bloqueios emocionais. Os machucados afetivos sofridos ao longo da vida, a superproteção ou timidez, falta do desenvolvimento de habilidades sociais, falta de auto estima, bullyngs, falta de sentir-se amado e aceito pelo que se é.

Tambem lembro outra vez que atendi um menino de 6 anos que sentou-se encolhido no canto da minha sala (de 50 metros) e disse que não ia falar comigo. Gentilmente eu disse que a vontade dele seria respeitada e falei que gostaria que ele ficasse confortável e perguntei se poderia fazer algo nesse sentido. Após minutos de silencio, ele pediu para que eu colocasse as almofadas da sala em volta dele. Eu propus que ele colocasse ate sentir-se bem. E ele ergueu todas as almofadas em volta dele, como se fosse uma muralha de almofadas.

Tambem acompanhei um caso de um adolescente e de uma mulher adulta que tinham bloqueio para chorar. E muitos adultos com bloqueio emocional para dirigir. E também homens e mulheres frustradas(o) em sua vida afetiva, por não conseguirem comprometer-se em um relacionamento serio. Eu ilustro para vocês perceberem como existem bloqueios emocionais, precisamos identificar, compreender a ajudar a pessoa buscar ajuda qualificada para superar.

Tratar as causas no Inconsciente

Muitas vezes os bloqueios emocionais estão relacionados a traumas no passado e ao sistema de crenças quanto a coragem, realização. Como “não vou conseguir”, “não vai dar certo”, “ninguém vai gostar de mim”, “não posso errar”.

Pessoas que sofrem de com fobias (por exemplo: agua, banheiro, dirigir, animais, sangue, falar em publico, etc) possuem varias outras limitações emocionais, auto estima baixa, inseguranças. A caracterização dos bloqueios emocionais vão se formando e aumentando com o tempo, por isso quanto mais tempo se espera para buscar ajuda pior vai ficando.

Por exemplo: uma adolescente que começa um tratamento por pavor de andar de ônibus e elevador. Os sintomas iniciaram de forma abrupta, ela passou mal varias vezes e teve que sair do veiculo totalmente envergonhada. E o medo aumentou de tal forma que ela não andava mais desacompanhada quando chegou no consultório. Tinha tanto medo de passar mal que não ficava mais sozinha.

Ao longo da terapia percebeu-se uma infância com muitas carências emocionais. Criada por sua avó, sua mãe trabalhava muito e brigava com padrastos, pai ausente e ainda muitas discussões sobre pensão quando seu pai aparecia. Essa moca foi criando bloqueios, ficava quieta para não piorar problemas familiares e quando viu-se apaixonada por alguém do mesmo sexo passou a ter crises de ansiedade. O pavor de ser rejeitada por sua família foi tomando conta, relacionava-se escondido. Passou a não ir na escola. Enfim, o que eu quero ilustrar  é  que existe toda uma cadeia de eventos que leva a instalação psicológica de uma fobia, bloqueio emocional ou síndrome do pânico.

A medida que a moca foi fazendo terapia e mergulhando em suas teias interiores aumentou a auto estima, teve mais clareza profissional e voltou a estudar. Tambem assumiu seus sentimentos e em todo esse processo os medos foram diminuindo naturalmente.

Reflita sobre seus Bloqueios:

Em que situações ele aparece?  Qual a intensidade do medo? Há quanto tempo você sente isso?
Você tem outros sintomas além do medo? Como falta de ar, sudorese, sensação de morte?
Você sente-se fraco e deprecia-se pensamentos negativos após perder uma oportunidade por medo?
Como você lida com suas emoções?
O que você faria se superasse esses bloqueios? Quem você seria?
Por que você vive no medo e se frustra?
Como seus pais lidavam com o sentimento deles?
Quais são seus ganhos secundários com seus bloqueios? Do que você foge?

Provavelmente você não terá respostas claras para essas perguntas. Como as respostas estão no inconsciente, nas suas emoções, o primeiro passo é ter consciência.

O caminho da superação dos Bloqueios Emocionais

Bloqueios são algo que a pessoa quer muito fazer mas não consegue. Por exemplo: chorar, impotência sexual, não conseguir ter um relacionamento serio, não conseguir ter relação sexual, lidar com criticas, saber dizer não, saber colocar limites perante os outros, expressar-se naturalmente, só conseguir usar banheiro em casa, entre outros.

Eles ocorrem também por muita repressão emocional ao longo da historia de vida. Eu sempre digo aos meus pacientes que a superação é um processo, um caminho com descobertas e técnicas terapêuticas para ir expandindo emoções, comportamentos e a consciência.

Por exemplo, uma pessoa com bloqueio de chorar pode vir de uma família muito autoritária e perfeccionista. Acabou perdendo o contato com seus sentimentos e após fracassos amorosos busca a terapia para entender isso. Outro exemplo: Uma pessoa com medo de relacionamento sexual pode ter sofrido abusos sexuais e quando a situação fica insustentável procura psicoterapia para superar o passado ou ate abrir o coração pela 1 vez na vida e reconhecer a tragédia vivida.

Cada bloqueio emocional tem um significado, que deve ser analisado a fundo e explorado para que ele se movimente e abra espaço para novas experiências.  Quando a vida traz situações desnorteantes, é preciso ir além. Situar-se em si mesmo, em um plano de consciência: O pânico pode trazer consciência de aspectos que o sujeito desconhece nele mesmo. Fazer um balanço das situações que não fazem bem e que necessitam de mudanças(Lisiane Hadlich).

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